Se olhássemos o mundo pela perspectiva do mercado diríamos, que se vive, no lado da oferta, uma Era de abundância e de diversidade, provavelmente sem paralelo na História da Humanidade. Do lado da procura, apesar das limitações e das excepções, existe um assinalável incremento na capacidade de consumo da oferta disponível – e de novas exigências – que retroage positivamente, estimulando mais oferta.
A ascensão do consumo, estimulado por esta economia de mercado ufana e triunfante, que transporta uma oferta sempre crescente de bens e serviços é assim evidente e, potencialmente, contagia todos os domínios do consumo. Do entretenimento à indústria automóvel, dos media aos hipermercados, das indústrias culturais à internet, multiplicam-se as referências e as ofertas. As mais recentes tendências de segmentação e de personalização da oferta aumentam ainda mais este registo, indo ao extremo de ter tantos sub-produtos quantos os sub-grupos de consumidores.
Também na vida das empresas, esta dinâmica tem várias expressões. Decorrente da globalização, abriram-se mercados enormes, que ultrapassam fronteiras geográficas ou hábitos culturais. Por outro lado, a já referida segmentação fina do consumo, criou uma diversidade de oportunidades – e de ameaças – para a afirmação de produtos e serviços. Ambos os movimentos ocorrem num ambiente de fortíssima concorrência que exige, desde logo, uma enorme capacidade de discernimento empresarial.
Mas esta abundância e diversidade não se vive só no mercado. Está em todo o lado e mudou a nossa vida.
Não se trata, contudo, de uma abundância monocromática, nem de uma diversidade coerente. A complexidade e a contradição somam-se como características estruturantes do tempo presente e futuro. Vive(re)mos num labirinto, rodeados de resmas de informação, num arco-íris de opções. É, e será, cada vez mais um mundo angustiante para indecisos – tantos caminhos! - e perigoso para simplistas – destruídos pelas armadilhas da complexidade.
Por isso, emerge a necessidade imperiosa de desenvolver e consolidar, a nível individual e colectivo, a capacidade de discernimento – saber, em cada momento, fazer as perguntas certas, conhecer e seleccionar a informação disponível relevante e, sobre ela, fazer um juízo. Em consequência, tomar opções, operacionalizá-las e, finalmente, avaliá-las, integrando a aprendizagem decorrente da experiência na sua capacidade futura de discernimento.
Em certa medida, o passaporte para o futuro exige como visto, a capacidade de escolher, sustentada a montante no acesso e na leitura dos dados e a jusante na capacidade de dar resposta e avaliar decisões.
01 janeiro 2008
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