Quarenta anos sobre a “guerra dos seis dias”, em que Israel derrotou, num abrir e fechar de olhos, o Egipto, a Síria e a Jordânia, numa manobra de antecipação ao que parecia ser a preparação de um ataque destes países, a paz continua muito longe daquela terra martirizada. Mesmo com muitas outras vitórias importantes, Israel não obteve, desde então, o seu objectivo central. Continua ameaçado e sem descanso. Por seu lado, os palestinianos, mesmo depois de muitas derrotas humilhantes não desistem, não dão tréguas, nem serão derrotados. Nem para uns, nem para outros, a paz está no horizonte.
Neste período, muitas foram as tentativas de encontrar um caminho para o fim do conflito israelo-palestiniano, sem que o sucesso fosse além de uns escassos momentos. Depois, tudo regressava. Um pouco pior que antes, dado o efeito penalizador de mais uma decepção. Mesmo quando as lideranças dos dois lados se mostravam mais abertas e os acordos de paz mais consistentes, os radicais sempre conseguiram fazer explodir qualquer entendimento. Bastava provocar um atentado, para que se desencadeasse uma resposta violenta e o fim do acordo de paz.
Uma consequência deste processo, sempre marcado pela lei de talião, é metáfora antecipada por Gandhi: Olho por olho, o mundo acabará cego. Neste caso, perderão israelitas e palestinianos. Ninguém pode ganhar numa espiral de vingança. Por mais que isto seja evidente, ambas as partes teimam em seguir o caminho sem saída: atentado contra atentado, mortes pagas com mortes.
Deste círculo vicioso só haverá saída quando pelo menos uma das partes decidir não responder a uma agressão radical, recusando a reciprocidade da resposta, em benefício de um bem maior: a consolidação da paz negociada. Essa aparente fraqueza será uma força extraordinária na construção da paz e na libertação perante as armadilhas dos radicais inimigos. Paradoxalmente, estes só sobrevivem se forem alimentados com a vingança das suas vítimas.
Em alguns momentos da história tal solução esteve na raiz do sucesso de processos políticos complicados. Uma das mais recentes e impressionantes, foi a capacidade de não responder pela mesma moeda que tiveram os timorenses em 1999, antes do Referendo, quando diariamente eram provocados com mortes e ameaças. Se tivessem respondido, os defensores da independência teriam desencadeado uma nova guerra civil e o objectivo máximo – a realização do referendo - evaporar-se-ia. Sabendo conter a resposta, atingiram o seu objectivo, mesmo com sofrimento e vítimas.
Assim, caberá ao mais forte – Israel – ter a capacidade, na próxima volta da História em que existir um acordo de paz justo com a Autoridade Palestiniana, não responder “olho por olho...”, quando surgirem as provocações dos radicais. Só desta forma se passará o cabo das tormentas.
Correio da Manhã, 6 Junho 2007
23 julho 2007
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